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Jovens – 1- As Bem-Aventuranças

Jesus e as bem-aventuranças

Mesmo aqueles que não se identificam como seguidores de Cristo concordam com os Seus ensinos encontrados no “Sermão do Monte”.

Intelectuais, políticos e poetas de todos os tempos já citaram porções deste ensino sem mesmo saber quem foi o seu autor.

Talvez não exista passagem da Bíblia mais citada e menos compreendida do que este sermão de Jesus, que vamos estudar nesta apostila. 

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Os Pobres em Espírito 

A primeira bem-aventurança é: “Bem aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus” (Mateus 5:3).

Essa primeira bem-aventurança tem algo a ver com a pergunta que os líderes religiosos fizeram a João Batista: “Que diz você acerca de si próprio?” (João 1:22).

Se não tivermos a atitude correta em relação a nós mesmos jamais seremos uma das soluções do Senhor.

A promessa decorrente desta atitude diz respeito à vida que já temos com Jesus Cristo, se já O temos como nosso Senhor e Salvador pessoal e nosso Rei.

Ser parte do Reino dos céus é o mesmo que ser súditos do Rei dos reis e Senhor dos senhores

– Aquele que é a Solução. Essa é a primeira bem-aventurança que temos, se fizermos parte da solução que Cristo quer trazer para a necessidade dos feridos e quebrantados deste mundo através dos Seus discípulos.

Estudiosos afirmam que as palavras “pobre em espírito” também pode ser traduzida por “quebrantado de espírito”.

Isso quer dizer que essa atitude se relaciona a quebrantamento – uma característica presente na vida daqueles que Deus chama e prepara para um ministério especial.

Ao ler as Escrituras, observe como Deus ensina essa bem-aventurança àqueles a quem Ele chama para realizar obras grandes para Sua glória.

Por exemplo, Jacó, que passou por um quebrantamento quando lutou uma noite inteira com um anjo (Gênesis 32:24-32).

Pessoas como Jacó, Moisés e o apóstolo Pedro tiveram que aprender três lições enquanto Deus os fez pobres em espírito.

  • Eles aprenderam que não eram ninguém;
  • aprenderam que eram alguém, e depois
  • aprenderam o que Deus pode fazer com alguém que aprendeu que não é ninguém.

Esta bem-aventurança que Jesus ensinou pode ser expressa com as seguintes palavras:

“Você é abençoado quando está no fim da sua corda,

com bem pouco de você e

muito mais de Deus e do governo dEle sobre a sua vida” (5:3).

O estado de graça do pobre em espírito também pode ser descrito com a palavra humilde. A humildade é um conceito difícil de se compreender.

Se você se acha humilde, provavelmente não o é! Certa igreja deu ao seu pastor, uma medalha de mérito por humildade, mas teve de pegá-la de volta, porque o pastor aparecia na igreja todos os domingos com a medalha pendurada no pescoço!

Mostramos que temos humildade quando oramos: “Senhor Deus, eu não sou solução para nada.

Eu não posso nem mesmo resolver os meus próprios problemas, como vou resolver o problema dos outros?

Mas eu sei que o Senhor pode resolver; o Senhor é a Solução. Se o Senhor estiver em mim e eu viver um relacionamento com o Senhor, então terei o potencial para ser veículo e canal da Sua solução e resposta para as pessoas que aparecerem no meu caminho”. 

Os Que Choram

A segunda bem-aventurança é: 

Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados” (5:4). 

Jesus deu uma lição a respeito de valores. Você se acha abençoado quando está em choro? Jesus prometeu uma benção especial e consolo nos seus momentos de choro. Ele disse claramente que aqueles que choram são abençoados!

Salomão, o homem mais sábio do mundo, concordou com Jesus quando escreveu:

É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério! A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração. 

O coração do sábio está na casa onde há luto, mas o do tolo, na casa da alegria… Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins, considere: Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra alguma coisa sobre o seu futuro(Eclesiastes 7:2-4, 14).

Em outras palavras…, “Bem-aventurados os que choram”. Nesta passagem Salomão afirma que ir para um velório e olhar para o corpo da pessoa que deixou este mundo nos faz refletir que um dia será o nosso corpo que será enterrado.

Salomão mostrou que o seu sistema de valores estava de acordo com os valores eternos que Deus nos quer ensinar quando vamos a um velório. Por isso, é melhor ir a um velório do que a uma festa.

Muitas vezes os crentes têm a convicção enganosa de que se mostrarão fracos se chorarem por causa da morte de alguém querido por exemplo. Jesus foi ao velório de alguém que ele amava e chorou tanto que disseram:

Vejam como ele o amava!” (João 11:35, 36). A interpretação e aplicação preliminar que fazemos desta bem-aventurança é que não devemos jamais suprimir a nossa dor.

Paulo escreveu que quando perdemos um ente querido, crente em Cristo, não precisamos lamentar, como os incrédulos, que não têm esperança de ver os queridos uma vez mais (1 Tessalonicenses 4:13).

Quando Davi perdeu um dos seus filhos, mostrou esperança e a dor do choro de quem teme a Deus quando disse:

Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim” (2 Samuel 12:23).

Nossa esperança é que um dia veremos no céu aquelas pessoas queridas que também conheciam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Entretanto, ainda choramos porque sabemos que vamos passar o resto dos nossos dias aqui na terra sem aqueles que se foram.

Se queremos descobrir a bênção e o consolo que Jesus prometeu aos que choram, devemos deixar que Deus use o nosso choro para nos levar para três pontos.

Devemos permitir que nosso choro nos leve a fazer as perguntas certas, talvez pela primeira vez em nossas vidas.

Existem pessoas que vivem a vida toda sem fazer as perguntas certas. Mas existem perguntas que Deus quer que façamos quando choramos.

Jó é um bom exemplo disso. Ele perdeu dez filhos, todos os seus bens e depois também perdeu a saúde. Durante todo o sofrimento de perda, Jó permitiu que o seu choro o levasse a fazer as perguntas certas, à reflexão:

Mas o homem morre, e morto permanece; dá o último suspiro e deixa de existir. Assim como a água do mar evapora e o leito do rio perde as águas e seca, assim o homem se deita e não se levanta; … Quando um homem morre, acaso tornará a viver?” (Jó 14:10-14). Este é um exemplo do tipo de pergunta que Deus quer que façamos.

Outro ponto ao qual Deus quer nos levar é o de escutar as respostas dEle às perguntas corretas que fazemos. Jó obteve uma resposta maravilhosa no pior momento do seu sofrimento, quando recebeu uma revelação Messiânica.

Ele exclamou: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25). Deus pode dar-nos revelações maravilhosas, como fez com Jó, mas a Bíblia já está repleta de respostas de Deus às perguntas certas.

O Salmo de que mais gosto é o 23, o Salmo do Bom Pastor, onde eu encontro várias respostas.

Jesus deu uma boa resposta quando foi àquele velório e chorou. Junto ao túmulo Ele desafiou outra pessoa que chorava, com as seguintes palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?” (João 11:25, 26).

Esta pergunta leva-nos ao terceiro ponto através do qual Deus quer que alcancemos a bênção prometida por Jesus aos que choram: se queremos descobrir a bênção e o consolo que Jesus prometeu aos que choram, devemos permitir que nosso choro nos leve ao ponto de crer e confiar nas respostas de Deus às perguntas certas.

Quando cremos nas respostas que Deus dá às perguntas certas, descobrimos que a bênção e o consolo que Jesus prometeu aos que choram é o que a Bíblia chama de “salvação” e essa palavra significa “livramento”.

Podemos experimentar o livramento inicial da salvação ou a libertação da dor ou da depressão. Podemos ter a maior experiência de nossas vidas quando o nosso choro nos levar a perguntar, escutar e crer.

O contexto deste ensino revela outra interpretação e aplicação para a segunda bem-aventurança. A estratégia de Jesus neste retiro é: “Olhem para baixo. Vocês estão vendo aquelas pessoas no sopé da montanha?

Estão todas feridas. Vocês realmente acham que podem ir lá e ser parte da solução e resposta para seus trágicos problemas sem jamais se machucarem?”. A palavra “compaixão” significa “sentir com”.

Como você acha que pode se sentir ferido como alguém, se nunca foi ferido?

Alguém já disse que “um evangelista é como um mendigo contando a outro mendigo onde está o pão”.

A pessoa que já foi ferida, curada e consolada por Deus é “um ferido contando a outro onde e com Quem encontrar O Consolo”. Muitas pessoas vão dizer que crêem em Deus, mas que não O conheceram até que passaram por um sofrimento o qual só Deus poderia consolar. Quando essas pessoas foram levadas a descobrir o Consolador estabeleceram um relacionamento com Deus.

Existe um dito popular que expressa bem a segunda bem-aventurança: “Você é abençoado quando sente que perdeu o que lhe era mais precioso. Só então você pode ser abraçado por Aquele que realmente lhe é mais precioso”.

Descobrimos outra revelação nessa segunda bem-aventurança quando a combinamos com a primeira. O processo de aprendizado que nos leva a ser pobres em espírito é experimentado, geralmente, com choros e medos de fracasso.

E nós choramos quando fracassamos. Mas um fracasso pessoal é a ferramenta preferida de Deus para nos convencer de que não podemos fazer nada sem Ele. Antes de Deus começar a usar Moisés e Pedro poderosamente, os dois passaram por experiências dolorosas até aprenderem que eram pobres em espírito.

Os Humildes

 A próxima bem-aventurança ensinada por Jesus tem a ver com o que desejamos: “Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança”.

 O que é ser humilde? Talvez esta seja a palavra mais confundida e mal aplicada das oito bem-aventuranças.

Humildade não é fraqueza. Jesus falou que era “humilde de coração” (Mateus 11:29). As Escrituras mostram que Jesus foi humilde, mas nem um pouco fraco.

Podemos compreender melhor o significado bíblico da palavra “humilde” através da figura de um cavalo selvagem.

Um cavalo, que ainda não foi domado, é um animal forte e tempestuoso. Aqueles que entendem do assunto sabem como colocar lentamente o freio na boca do cavalo, as rédeas e depois a sela nos seus lombos.

Leva algum tempo até que o cavalo aceite ser controlado pelo freio e pelas rédeas e que alguém sente na sela colocada sobre ele. Depois que o cavalo é domado, ele não deixa de ser forte, mas passa a ser manso.

É essa mansidão que tem o sentido da palavra “humilde” usada na Bíblia.

Podemos parafrasear desta maneira a pergunta que Jesus fez para Saulo de Tarso na estrada de Damasco: “Por que você está Me perseguindo? Por que está indo ao contrário do comando das rédeas?” (cf. Atos 9:4, 5).

Mas quando Saulo de Tarso perguntou “Que devo fazer, Senhor?”, aceitou o controle das rédeas e do freio. Entre outras coisas, aceitou a vontade do Cristo vivo em sua vida. Foi então que o Saulo de Tarso se tornou manso e humilde. É exatamente isso o que significa ser humilde.

Jesus declarou “Sou manso e humilde” ao fazer o seguinte convite: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.

 Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28- 30).

Esta passagem no original grego dá a idéia de um cansaço a ponto de exaustão. Este convite, portanto, foi dirigido aos que têm cargas muito pesadas e precisam aprender a respeito das cargas, do coração e do jugo de Jesus.

Jesus queria que eles aprendessem que a carga dEle é leve. Isso é impressionante, porque Jesus tinha o peso do mundo sobre os seus ombros! Mas Ele queria que todos soubessem que o Seu coração é humilde e manso, e queria ensinar que é o Jugo dEle que torna Sua carga leve e o Sua vida fácil.

Jugo não é uma carga. Jugo é um instrumento que possibilita a um animal, como um boi, por exemplo, movimentar uma carga pesada. Muitos de nós já vimos um carro de bois. É o jugo sobre os lombos do boi que faz com que aquele animal tão forte tenha sua força controlada e dirigida para levar uma carga pesada.

Essa figura do carro de bois mostra claramente o que é humildade e mansidão. Uma definição para a terceira bem-aventurança, para humildade, é: força sob controle.

Basicamente, o que Jesus ensinou foi: “Todos os dias Eu tomo o Jugo da vontade do Meu Pai”. Lembre-se que Jesus disse “sempre faço o que lhe agrada”, referindo-Se ao Pai (João 8:29). Este era o jugo usado por Jesus.

Ele Se submetia ao jugo do Pai e era cem por cento controlado pelo Pai, em cem por cento do Seu tempo. Essa é a bem-aventurança da humildade que Jesus ensinou aos Seus discípulos.

Um jugo bem encaixado, bem feito pelo carpinteiro torna a carga muito mais fácil para o animal; deixa-a mais leve. Jesus, como carpinteiro que foi, deve ter feito muitos jugos que se encaixavam perfeitamente e não irritavam nem machucavam o animal.

Jesus ensinou a bem-aventurança da humildade e falou sobre jugo, porque sabia muito bem que o jugo dEle deixa muito mais leve a carga daqueles que lutam todos os dias com suas cargas, porque não têm jugo.

Ao ensinar a terceira bem-aventurança, Jesus estava dizendo basicamente o seguinte: “Existe uma maneira certa de conduzir sua vida. Se você viver como Eu vivo, não vai ficar cansado até o ponto da exaustão, com os problemas da vida”. É como se Jesus dissesse:

“Viva como Eu vivi. Se você aceitar o Meu jugo de humildade e mansidão, vai descobrir que sua carga pode ficar mais leve e sua vida mais fácil, independentemente do tamanho dos desafios que aparecerem na sua frente”.

Resumindo, o que Jesus estava ensinando àquela gente no topo da montanha era: “Aquelas pessoas lá embaixo estão sofrendo porque não sabem como puxar a carga da vida. Elas não sabem como puxar a carga porque não têm Jugo.

Mas se vocês confessarem os Meus valores, tiverem as Minhas atitudes e a disciplina espiritual que vou lhes mostrar; se vocês Me seguirem, aprenderão algo sobre a Minha carga, o Meu coração e o Meu jugo que trará descanso para a alma deles”.

A humildade é a disciplina que tem a ver com a nossa vontade. As palavras “discípulo” e “disciplina” têm a mesma raiz.

A promessa de Jesus decorrente dessa atitude é que o discípulo humilde vai herdar a terra.

Isso significa simplesmente duas coisas:

(1) Um discípulo de Jesus deve ser uma pessoa disciplinada e

(2) O discípulo disciplinado de Jesus conquista tudo, quando tem o Jugo de Jesus e do Pai sobre sua vida.

 Os Que Têm Fome e Sede de Justiça.

 A quarta bem-aventurança é: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos” (Mateus 5:6).

Jesus ensina que quando somos humildes ou quando declaramos que Jesus é nosso Senhor e submetemos nossas vidas ao Seu controle, temos fome e sede de justiça.

Percebemos que as bem-aventuranças emergem em pares, em duplas: Choramos enquanto aprendemos a ser pobres em espírito e quando nos tornamos humildes, temos fome e sede de justiça.

Fazer o que é certo é justiça. Ter fome e sede de justiça é ter fome e sede de conhecer o que é certo e fazer o que é certo.

Assim que Paulo se tornou humilde na estrada de Damasco quis conhecer o que era certo para ele. Ele chamou Jesus de “Senhor” e perguntou o que deveria fazer. Com isso ele não mostrou apenas humildade, mas também que tinha fome e sede de justiça.

A ira de Jesus quando tirou os comerciantes do Templo de Deus foi justa, porque os líderes religiosos estavam fazendo o que não era justo; o que não era certo.

Atente para a paixão de Jesus por fazer a vontade do Seu Pai. Observe que ter paixão pelo que é certo inclui uma paixão por confrontar e consertar o que é errado.

No Sermão do Monte Jesus enfatizou a importância da justiça. A última bem-aventurança é: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus” (Mateus 5:10). Das oito bemaventuranças, duas são relacionadas à justiça.

Mais adiante neste capítulo Jesus ensinou: “Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus” (5:20). Também no início do capítulo 6, Ele ensinou: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça…” (6:33).

A promessa que acompanha esta bem-aventurança é que o discípulo será cheio de justiça da qual está faminto e sedento.

O original grego sugere a idéia de que eles serão tão cheios de justiça a ponto de se engasgar. Isso também quer dizer que eles serão completamente cheios do Espírito Santo de Deus, que é Justiça, e também serão cheios de uma fome e sede de conhecer o que o Senhor quer que eles façam.

Observe que a bem-aventurança não é: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de felicidade, pois serão felizes”.

Também não é: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de realização, pois serão realizados”, nem “Bemaventurados os que têm fome e sede de prosperidade, pois serão prósperos”.

Não é nada disso que está prometido. A bem-aventurança é: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.

E a promessa é que estes serão cheios de justiça, de uma paixão pelo que é certo e justo.

Grandes vencedores que lutaram por justiça, como os que conseguiram a abolição da escravatura, foram discípulos de Jesus Cristo com fome e sede pelo que era justo.

Eles tinham uma paixão que os levou a lutar pelo que era certo. Ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, como Martin Luther King e Nelson Mandela mostraram que tinham fome e sede de justiça através de um clamor pacífico contra a injustiça do racismo.

Se fizermos uma busca da palavra “justiça” na Bíblia, veremos que Jesus foi consistente com as Escrituras ao

enfatizar o conceito de que um discípulo cheio de justiça confronta a injustiça.

Um dos versículos sobre justiça de que eu mais gosto é: “Ofereçam sacrifícios (de justiça) como Deus exige e confiem no Senhor” (Salmo 4:5).

O Salmista não conseguia dormir porque tinha agido de acordo com seus próprios interesses e não de acordo com o que era certo.

Ele resolveu que faria o sacrifício que fosse necessário para fazer o que era justo, e aí então, teve paz e dormiu tranquilo.

A sua motivação para tomar essa decisão foi saber que estava rodeado de pessoas que buscavam a justiça e que faziam o que é certo, ao invés de fazerem o que era do seu próprio interesse.

Ao enfatizar a integridade pessoal e a justiça dos Seus discípulos, Jesus disse que uma razão por que aqueles do sopé da montanha eram miseráveis e infelizes era porque faziam apenas o que todo mundo fazia, seguindo seus próprios interesses, ao invés de fazer o que era certo e justo.

Outro versículo, que como muitos fala de justiça e que eu tenho que citar, diz que o povo de Deus será chamado de “carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória” (Isaías 61:3).

O plano de Deus e portanto, a estratégia de Jesus nesse retiro era recrutar discípulos que seriam canais de justiça quando voltassem para a multidão que no sopé da montanha, representava os perdidos deste mundo.

O plano de Jesus é que Seus discípulos sejam plantados neste mundo como carvalhos de justiça para a glória de Deus.

 Capítulo 2 

“As Atitudes do Ir Para Deus”(Mateus 5:7-12)

Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.

 Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.

 Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.

 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus.

 Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês.

 Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mateus 5:7-12).

Escalar a Montanha

 Um dos teólogos que eu mais admiro afirmou que as bem-aventuranças podem ser representadas pela escalada de uma montanha:

as duas primeiras atitudes, ser pobre em espírito e chorar, levam-nos até metade do caminho;

a humildade, até três quartos do caminho, e

ter fome, sede, e ser cheio de justiça leva-nos até o topo da montanha.

Em outras palavras, escalamos a montanha à medida que aprendemos a ter as atitudes do vir até Deus.

Quando um discípulo aprende as atitudes que o levam ao topo da montanha, que tipo de pessoa ele será antes de começar a descer pelo outro lado dessa montanha e aprender as atitudes de “ir” que Cristo quer lhe ensinar?

Será que ele está cheio do tipo de justiça dos fariseus e vai olhar para as pessoas citando versículos bíblicos que condenam o comportamento delas? As atitudes do ir respondem essa pergunta.

Os Misericordiosos

A quinta bem-aventurança é: “Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia (7).

A palavra “misericórdia” significa “amor incondicional”. Quando Davi escreveu que a misericórdia de Deus o seguiria todos os dias da sua vida, usou uma palavra que significa “perseguir”.

Davi tinha convicção de que o amor incondicional de Deus o perseguiria todos os dias da sua vida (cf. Salmo 23:6).

Quando os horrores da conquista babilônica sobre os judeus se iniciaram, Jeremias escreveu suas Lamentações e enquanto ele as escrevia, teve uma revelação.

Basicamente, o que Deus o fez saber foi: “Jeremias, eu nunca deixo de amar o Meu povo!”. Foi então que Jeremias escreveu que as misericórdias de Deus são inesgotáveis e renovam-se a cada manhã (cf. Lamentações 3:22- 23).

A profecia de Malaquias inicia-se com as seguintes palavras: “Uma advertência: a palavra do SENHOR contra Israel, por meio de Malaquias. ‘Eu sempre os amei”, diz o SENHOR’”.

Também o profeta Oséias escreveu toda sua mensagem tendo como base o amor incondicional de Deus.

Deus sempre amou com amor incondicional. Ele é amor incondicional (I João 4:16). A misericórdia de Deus impede que recebamos o que merecemos em decorrência dos nossos pecados; a graça de Deus derrama sobre nós todo tipo de bênçãos que não merecemos.

Uma boa maneira de parafrasear essa bem-aventurança seria: “Felizes os que são cheios do amor incondicional de Deus”.

É maravilhoso ver que a palavra “misericórdia” aparece 366 vezes na Bíblia, porque Deus sabe que precisamos de misericórdia todos os dias do ano, e um dia a mais para os anos bissextos. De todas essas referências à misericórdia de Deus, 280 são encontradas no Velho Testamento. Deus sempre foi um Deus de amor incondicional.

A promessa de Jesus para os misericordiosos é que eles “obterão misericórdia”.

Isso quer dizer que eles receberão misericórdia e além disso serão canais do amor incondicional de Deus para aqueles que precisam ser amados incondicionalmente.

Se vamos descer a montanha e ser parte da solução de Cristo para os feridos, devemos ser cheios do amor incondicional de Deus.

Os discípulos que são solução e resposta de Jesus não têm a justiça própria dos fariseus, mas são canais do amor incondicional de Deus e de Cristo. De acordo com Jesus, ser cheio de justiça é ser cheio do amor de Deus.

Os Puros de Coração

 Geralmente a nossa motivação para amar é egoísta.

 É por isso que a próxima bem-aventurança é: “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus” (8).

O seguidor de Cristo ama, não por que tem uma necessidade egoísta que precisa ser satisfeita, mas porque é cheio do amor do Cristo Vivo e Ressurreto e suas motivações são puras.“Puro de Coração”.

A palavra “puro” no original grego é a mesma que deu origem a palavra “cateterizado”. Quando o discípulo ama com o amor incondicional de Deus, qualquer motivação egoísta é “cateterizada” no seu coração.

Fazendo uma aplicação pessoa, devemos orar todos os dias para que, se houver alguma coisa além do amor de Cristo em nossos corações, que o Espírito Santo “cateterize”.

Quando fazemos algo bom por alguém, logo as pessoas querem saber por que fizemos tal coisa. Mas a resposta do discípulo misericordioso é: “Eu não quero nada de você, apenas o privilégio de amá-lo com o amor de Cristo”.

A promessa de Jesus para os puros de coração é que eles verão a Deus. Os canais do amor de Cristo, com motivações puras, vêem Deus à medida que servem como canais do amor de Cristo na vida dos feridos deste mundo.

De acordo com o Apóstolo do Amor, com o amor de Deus fluindo através deles, eles vivem em Deus e Deus vive neles (1 João 4:16).

Os Pacificadores

 A sétima bem-aventurança é: “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus”.

O discípulo que é uma solução e uma resposta de Jesus é um ministro da reconciliação – esta é a essência desta bem-aventurança.

Uma das fontes dos terríveis problemas das pessoas no sopé da montanha é a alienação. Elas vivem alienadas de Deus, dos outros e até de si mesmas.

Jesus estava desafiando Seus discípulos a aprenderem e adquirirem as atitudes que lhes dariam a experiência da reconciliação nessas três direções e depois, quando voltassem para as multidões, tornarem-se ministros da reconciliação.

Paulo afirmou que todo crente que já viveu o milagre da reconciliação com Deus através de Cristo está comissionado para pregar a mensagem e exercer o ministério da reconciliação (cf. 2 Coríntios 5:14-6:2).

Com base nesta passagem, um teólogo escreveu: “A vontade do Reconciliador é que o reconciliado se torne agente da reconciliação para aqueles que ainda não foram reconciliados”. Esta é a essência da estratégia de Jesus quando ensinou a sétima bem-aventurança.

Durante a guerra fria, um médico, num campo de trabalho forçado na Sibéria se converteu. Depois de confessar Jesus como seu Salvador e Senhor, esse médico, um judeu chamado Boris Kornfeld decidiu que se tornaria um ministro da reconciliação naquele lugar terrível.

Ele operou um paciente e depois da cirurgia falou de Jesus para ele. Por este ato de coragem, ele foi assassinado na sua cama naquela noite.

Aquele paciente recuperou-se e mais tarde contou ao mundo todo, os horrores dos campos de trabalhos forçados. Seu nome era Alexander Solzhenitsyn.

Aquele médico e discípulo sincero de Jesus não tinha como saber que seu paciente seria famoso e escreveria livros extraordinários. Ele simplesmente fez o que Jesus ensinou com a sétima bem-aventurança.

A promessa de Jesus aos ministros da reconciliação é que eles serão chamados filhos de Deus. Deus tinha apenas um Filho e esse Filho foi um missionário.

É maravilhoso pensar que Deus considera os Seus enviados como Seus filhos. Esta expressão é genérica e quer dizer que os enviados de Deus são considerados filhos e filhas de Deus.

Os Perseguidos “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus”. Eu já comentei que as bem-aventuranças vêm em duplas, e vêm mesmo.

A sétima bem-aventurança faz par com a oitava. Boris Kornfield deu sua vida como um agente da reconciliação por causa de Alexander Solzynitzen. Essa tem sido a experiência dos ministros da reconciliação em toda a história da igreja.

É por isso que a sétima bem-aventurança, “bem-aventurados os agentes da reconciliação”, acompanha a

oitava bem-aventurança, “bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus”.

Aqueles que são perseguidos porque são ministros da reconciliação têm conhecimento pleno do governo do Rei sobre seus corações, mesmo que isso lhes custe a vida.

Observe que não é uma mera questão “os perseguidos serem abençoados”. Não são todos os perseguidos, mas aqueles que são perseguidos por causa da justiça; aqueles que anunciam o Evangelho; aqueles que se identificaram com Jesus Cristo e por isso são perseguidos. Agora você entende porque essas duas bem-aventuranças se encaixam.

Os ministros da reconciliação são perseguidos porque estão estrategicamente posicionados no centro do conflito e da alienação.

Eles vão onde os alienados lutam uns contra os outros, nos lugares espalhados pelo mundo, como o Oriente Médio ou qualquer outro lugar onde ocorrem sérios conflitos. Os ministros da reconciliação vão até lá, um lugar de alto perigo.

Jesus ensinou essas oito bem-aventuranças e a seguir, no versículo 11, começou a fazer a aplicação delas.

Observe como as bem aventuranças são genéricas e impessoais: “bem-aventurados os…”. Mas a partir do versículo 11, Jesus disse: “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês”.

Jesus passou a falar com aqueles que estavam sentados ao Seu redor num tom pessoal. Ele estava aplicando Sua previsão da perseguição. A aplicação das oito bem-aventuranças começa aqui e o ensino delas agora passa a ser aplicado até o final do ensino de Jesus.

Poderíamos pensar que o mundo hoje aplaudiria as pessoas com essas bemaventuranças, mas o que vemos é o discípulo de Jesus Cristo sendo perseguido por causa dessas atitudes.

Por que? A resposta a essa pergunta é que os discípulos que têm essas atitudes confrontam as pessoas com o modelo do que elas deveriam ser.

Quando o mundo é confrontado através da vida de um discípulo com essas atitudes, fica diante de duas escolhas: reconhecer esse modelo de vida como certo e desejar praticar essas atitudes, ou atacar o discípulo, modelo dos valores de Jesus Cristo. Há mais de dois mil anos este mundo sem Deus tem feito a segunda escolha.

Resumo das Observações das Oito Bem- Aventuranças

 As oito bem-aventuranças constituem a essência do sermão do monte e todo o restante deste ensino de Jesus é a aplicação que Ele faz do Seu sermão. O contexto deste sermão mostra a versão que Mateus deu à crise que envolve o tornar-se Cristão.

De acordo com Mateus, tornar-se cristão não é uma questão do que Jesus vai fazer por você.

A ênfase é outra: O que você vai fazer por Jesus?.

Você é parte do problema e da solução de Jesus? Você é uma das Suas respostas ou apenas uma dúvida ambulante?

As atitudes das bem-aventuranças mostram o caráter que o cristão deve ter. As quatro metáforas, sal, luz, cidade e candeia, que vêm logo depois das bem-aventuranças, mostram o impacto que um cristão causa em uma sociedade secular.

É como se a nível espiritual existisse uma “linha equatorial” entre a quarta e a quinta bem-aventurança.

Essas oito bem-aventuranças dividem-se em dois grupo de quatro. As primeiras quatro atitudes ou bem-aventuranças são as atitudes do vir para Cristo e as outras quatro bem-aventuranças referem-se às atitudes do ir por Cristo.

As primeiras quatro bem-aventuranças são desenvolvidas no alto do monte ou em um relacionamento pessoal com Deus e com Cristo; as outras quatro bem-aventuranças devem ser aprendidas e desenvolvidas no relacionamento com outras pessoas.

As bem-aventuranças também dispõem-se em quatro pares:

  • os pobres em espírito e os que choram;
  • os humildes e os que têm fome e sede de justiça;
  • os misericordiosos e de coração puro;
  • os pacificadores que são perseguidos.

Cada um desses pares define um segredo espiritual que deve ser aprendido pelo discípulo de Jesus, antes de tentar ser parte da Sua solução e das Suas respostas.

As duas primeiras bem-aventuranças, ser pobre em espírito e chorar, definem o seguinte:

“A questão não é o que eu posso fazer, mas o que Ele pode”.

O segundo par, humildade, e fome e sede de justiça, define o seguinte segredo espiritual: “A questão não é o que eu quero, mas o que Ele quer”.

O terceiro par, ser misericordioso e de coração puro, representa o seguinte segredo espiritual: “A questão não é quem e o que eu sou, mas Quem e O Que Ele é”.

O quarto par, os pacificadores que são perseguidos, enfoca o seguinte segredo espiritual, que deve ser confessado quando Cristo nos usa: “A questão é que não fui eu quem fez, mas Ele”.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, contou que quando esteve na cidade de Corinto, nada do que fez veio dele próprio; tudo tinha vindo de Deus (2 Coríntios 3:5).

A palavra “abençoado” deve ser bem definida. Em algumas traduções ela aparece como “feliz” ou “alegre”, que é uma consequência do fruto do Espírito (cf. Gálatas 5:22, 23).

Essa alegria abençoada pode ser definida como a felicidade que não faz muito sentido para o mundo, porque é procedente da  presença do Espírito Santo em nossas vidas e não depende de circunstâncias.

Outra definição para “abençoado” é “Espiritualmente próspero”. Ser espiritualmente próspero não significa ser rico. Se ter dinheiro fosse definição de abençoado, nenhum dos apóstolos teria sido abençoado. Eles viveram todas as bem-aventuranças, e não possuíram dinheiro e sofreram mortes terríveis. ( http://www.encontrocomapalavra.com/apostilas – Sermão do Monte – Encontro com a Palavra Dr. Dick Woodward. Acesso em 29 de março de 2016).

Fonte: http://www.encontrocomapalavra.com/apostilas

Video 01: https://www.youtube.com/watch?v=yBIHnZ2I8x8 – Acesso em 29 de março de 2016.

Video 02: https://www.youtube.com/watch?v=CVnnoU4D3Hg – Acesso em 29 de março de 2016.

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